sinto-me confinado…

na distância que é tanta que me enclausura.

São paredes de vazio, paredes cobardes que fogem das minhas mãos como o ar que escapa a quem cai em queda livre – que se eu pudesse e se assim não fossem já as teria destruído na raiva da minha dor. A distância não é duplicada ao ser sentida de cada lado; é elevada ao quadrado a cada instante e por isso os minutos parecem carregar horas de solidão.

O tempo torna-se espesso e cansativo. Exausto de o carregar na tua ausência fico sem forças para ter vontade. Recupero a vontade quando recordo que é contigo que invento momentos e o tempo evapora como éter mesmo por entre as situações mais banais.

Na incapacidade de me fazer presente junto a ti a distância torna-me no vazio que me envolve; a mim, que ao abrigar-te nos meus braços fico gigante.

Não há conformismo possível porque a distância suga-me a paciência. Irrita-me por dentro até à ectoderme e faz-me com mais buracos que os suíços o queijo; buracos que se enchem de frustração por saber que a falta de paciência em nada diminui a distância.

E é tanta a distância.

é bom deixar ir…

Noutro dia encontrei-me num post onde, algures no passado, se dedicava por palavras completas e assumidas o amor ao seu merecedor em tal altura. Como o bom batoteiro num jogo de poker, será escusado esconder ser sabedor de que passados os anos esse amor presenteou um novo felizberto, oops… felizardo. Por mais negadas que sejam as coincidências estas, como as bruxas, andam por aí… “íii”, à mercê de estranhos sincronismos no meu caótico viver, eu encontro um outro post, este sobre a capacidade de se “desamar” e se dar nova arrumação aos sapatos. É assim mesmo, siga a sardinha que estamos na época das festas populares e siga também o cara(de)pau – mas sem molho à espanhola, para não se agravarem entretanto algumas azias que por aí se manisfestam. E isto porque é bom deixar ir… não como as folhas que caiem no Outono e que estilhaçamos sob os pés ao longo do caminho.

É bom deixar ir… mas como um livro que ganha rumo no bookcroossing e vai de novo (re)encontrar mãos, olhar, companhia, lágrimas e sorrisos. De cada livro que encontramos apenas nos apropriamos da versão pessoal daquilo que com ele conseguimos vivenciar. Há livros livres e acessíveis que se conseguem com a simplicidade de um click e depois… há aquele livro com qual nos encontramos e nos conquista, do qual conhecemos tão bem o toque, o cheiro, o som das páginas viradas e que mesmo envelhecido, por muita água que escorra na clepsídra, havemos de o querer guardado bem perto. É só nosso, tanto o quanto nos entregamos a ele. Os outros… que vão…. porque é bom deixar ir