na distância que é tanta que me enclausura.
São paredes de vazio, paredes cobardes que fogem das minhas mãos como o ar que escapa a quem cai em queda livre – que se eu pudesse e se assim não fossem já as teria destruído na raiva da minha dor. A distância não é duplicada ao ser sentida de cada lado; é elevada ao quadrado a cada instante e por isso os minutos parecem carregar horas de solidão.
O tempo torna-se espesso e cansativo. Exausto de o carregar na tua ausência fico sem forças para ter vontade. Recupero a vontade quando recordo que é contigo que invento momentos e o tempo evapora como éter mesmo por entre as situações mais banais.
Na incapacidade de me fazer presente junto a ti a distância torna-me no vazio que me envolve; a mim, que ao abrigar-te nos meus braços fico gigante.
Não há conformismo possível porque a distância suga-me a paciência. Irrita-me por dentro até à ectoderme e faz-me com mais buracos que os suíços o queijo; buracos que se enchem de frustração por saber que a falta de paciência em nada diminui a distância.
E é tanta a distância.